top of page

A única coisa que satisfaz mesmo a vida é nada!

˜ Veetshish Om

Lamúria narrada

Escuto tua lamentação enquanto o dia amanhece nas montanhas de Minas. 
Escuto uma mente que sofre o viver. 
Escuto uma incompreensão do que se chamou de "sonho de Brahman".
Escuto.
E, junto, o coração se compadece. 

E, na compaixão, convida mais uma vez e de novo e de novo:
Aquieta
E para.

Para um instante para ver que o drama é de um personagem visto. 
Ah , ti que te identificas com o personagem, VÊ:
para poder narrar em lamúria é PORQUE É PERCEBIDO!

Ah , Você que percebe, ouse voltar a atenção para o perceber.
Ouse deixar o vício de seguir a correnteza dos homens comuns , ignorantes do Saber ,
e volte-se para a surpreendente base da existência, sua Real substância e natureza :
SER , SABER .

Como te perdes tão fácil?
Quanta fidelidade ao sofrimento!
Por que se dedica tanto ao jogo das aparências?
Acorda! você mesmo que é o próprio Brahman!

Não te finjas de separado. 
Não use em vão palavras enganadoras.

Vem entender melhor o que falas ,
e não confunda nem a ti nem a outros,
pois a Mim não Me enganas um só instante!




 

Abre, coração,E silencia. 

Abre, olhos do Espírito, E veja o intocável.

Pois só assim é possível acolher a frágil e vulnerável experiência fugaz de viver uma vida identificada com o sonhar que se é separado.

 

Pois só assim a impotência se transforma na humildade e a humildade em silêncio e entrega .E o silêncio e entrega em amor infinito.

Pura abertura.

Livre e selvagem.

 

E deixa nascer , enfim ,

 

a sabedoria de acolher-se verdadeiramente na dor.

E ver as transformações que frutificam frutos muito diferentes do que se espera e pensa.

 

 

HÁ O SABER DO DRAMA. PARA E SILENCIA.

VOCÊ É O SABER e não o drama.

Eu te convido
A permanecer Comigo
Vem!

Aqui Sou;
doce e louco
como nenhum ópio da Terra conseguiu,
Delicado e rascante.

Vem, permanece aqui!
A festa é eterna e silenciosa!


---

Tua imaginação não pode me tocar.
Antes do difuso limite
some som pensamento coisa.

Antes do difuso limite
- portal inexistente -
o implacável sopro do Espírito
varre tudo,

E do lado de dentro do abismo
nenhuma ilusão faz habitação.


---

Piso com pés alheios

o chão impalpável

 

Os olhos criam as coisas

quando as tocam

 

Virtual dança dos átomos

onde o rio da existência

escorre, estático, imóvel

a eternidade divina do Nada

---

A SEDUÇÃO DO SAGRADO

 

Tão delicada e intensa sedução!

Basta uma gota

E o corpo e a mente

se voltam completamente para Ti!

Só a Ti desejam.

Só em Ti pensam

Até que, enlouquecidos

das mais sublimes sensações

dos mais belos pensamentos

se entregam

 

Ainda que avisados

da morte iminente e inevitável,

se entregam

e somem....

---

Satsang é o Ver 

Direto 

Da Fonte.

 

E assim, reconhecer-se na desconstrução: 

Não-forma 

Não-ego 

Não-self...

 

Onde tudo é o centro 

Nasce a semente 

Do Despertar!

---

Raiância

 

Raia irradia

brilha

centro radiante

em todo lugar

de todo lugar.

 

nada há

só nada há 

só o nada é

 

em todo lugar

lugar nenhum

tudo cabe

tudo é

entrar

penetrar

portal inexistente

salto no fundo 

no centro da mente

borda do lado de lá

sem limites

do infinito

desaguar no mar 

de si mesmo

ser

---

Além do território conhecido

de definições, identificações

de velhos condicionamentos e posturas

sentimentos repetidos

rebeldias programadas,

 

existe um jardim.

Perfumes surgem do silêncio.

Sentemos,

em amorosa celebração!

Pois aqui a gentileza

é guardiã da Vida, 

a pureza torna a alma imaculada

e a Verdade é soprada 

no vento do Espírito.

 

Nesse jardim tem um cais.

Para lá do jardim,

apenas o Oceano Misterioso.

Sem saber o rumo, 

o barco parte.

E cada átomo tocado

canta harmonias do Ser!

---

O Amor penetrou no mundo.

O Amor deixou-se sangrar

ferir machucar

apenas para reafirmar

que também estava lá

no momento estúpido

de se violentar.

Ainda aí

estava lá.

Paradoxo

que só os verdadeiros Amantes compreendem.

 

Soberano,

reafirma-se no núcleo mesmo da ilusão.

 

Me interessam aqueles que são afetados pelo Amor.

Aqueles que se dispõem a serem conquistados

engolidos

dissolvidos

na onda imensurável do Amor.

Aqueles que,

quando o Amor toca

vibram de alegria e dor, 

prontos para a transfiguração final.

 

Me interessam aqueles

que, em entrega e abertura, 

tornam-se Amor.

E o Amor revela-se como sempre O-Que-Foi,

e, por fim,

em doçura que não se encontra neste mundo,

encarna.

---

O Anfitrião convidou a todos.

Abriu as portas de sua Mansão,

Recebeu-os com dignidade,

colocou a mesa,

ofereceu um lauto banquete,

depois os decapitou.

 

(Já aceitaste o convite do Anfitrião?

Não fica pedra sobre pedra!)

---

Céu estrelado 

Noite escura 

Ventos devastadores sopram à revelia do dia 

Anunciam destruição.

Não tema!

Isso que é Verdade 

Não sofre nenhum abalo.

 

Celebra, pois, oh incauto 

E deixa de ser pela metade 

Arrisque-se por inteiro oh temerário

Aqui só há espaço para heróis

 

Apenas esses são capazes do sacrifício final

Dissolução do engano tão bem engendrado

que foste capaz de se enganar!

Oh herói de sua própria história

Nada mais és do que a falácia final.

Reconhece!

 

E o Imperador toma posse

do que sempre foi Seu.

---

O eco da mente

ressoa repete

incongruentes sons

sem nenhum sentido

no Agora

Apenas ecos futuros

projeções passadas

 

E, no Agora, vão infinito,

o doce mel do silêncio

dissolve a teia dos fios incongruentes

 

Com os olhos limpos

a Face da Presença

aparece prédio nuvem pessoa

 

No colapso dos sentidos

a Vida é

 

A Vida

única

Verdadeira Vida

----

Sabiá na goiabeira

anuncia o Amado

eu canto-pássaro dentro de mim

onde Amado e Amante são um 

 

Por trás das formas, O Ser -

Puro, consciente, silente 

Sonhando

aparece em múltiplas formas interligadas 

E em movimento incessante.

---

Que formas?

 

onde o sonho abre os olhos

miríades de mundos surgem

cada mundo é só o seu mundo

único

desconexo 

babel

 

onde o acordar abre os olhos

um só e mesmo real

que formas?

A G O R A

o vazio dança 

não-dança

desperta

é

---

Deslimites do ser

 

onde quer que tocam

olhos imagens sons

Paisagens externas

Deslimites do ser

 

o que quer que surjam

pensamento sentindo sentidos

paisagens externas

Infinito ser

 

Mistério invisível

paisagem interna

identidade eterna

sem forma sem cor

Beleza invisível

incognoscível

puro saber

sem objeto

sem dois

Espelho vazio

Deslimites do ser 

---

Que substância sem igual

essa, que incedeia o amor

e traz o fogo ardente para o coração;

e faz do encontro o paradoxo 

entre a delicadeza e a pulsação!?

 

Que néctar, esse, misterioso 

que imprime o sabor único

ao encontro entre corpos e almas!?

E tão suave que não se impõe;

e tudo que toca

torna-se divino, 

ainda que sempre disponível,

quem sabe onde encontrar?

Quem sabe o secreto processo

de não fazer para que se realize?!

 

Só os que encontram 

Isso que tudo é

e que está sempre presente

são convidados para o banquete.

VEM!

---

O REI PEREGRINO VOLTA À FONTE

  

ReconheSer-se,

eis a tarefa dada pelo Rei.

 

Os peregrinos solitários saem juntos pelos caminhos:

uns se perdem em esquecimento, em encantamentos provisórios;

outros tornam-se conchas, defesas contra a falta de coragem.

Aqueles cuja ousadia larga para trás o mundo

- ainda que no mundo -

seguem o tambor do Coração.

Som-guia da direção,

leva-os a penetrar na estranha floresta do inusitado.

 

Desnudando do conhecido,

tendo o louco Amor como lucidez,

os peregrinos encontram

o território sagrado.

---

 

Descansando à beira da Fonte,

estranha atração

agora irresistível

faz os ousados peregrinos solitários desfazerem-se na Fonte.

 

Ah, doçura e alegria,

descanso e alimento!

Nunca mais a sede os abaterá!

Na Misteriosa Fonte,

não mais peregrinos,

e, surpresa!, não mais solitários.

 

Os jardins transmutam-se em Paraíso,

a distância, em poemas,

palavras, para serem sagradas, são sempre sinceras.

Nada mais se esconde por medo ou indecisão.

Neste campo sutil

só a Verdade permanece.

Não seja expulso! Vigia!

Arrisque sua vida,

pois só é digno da tarefa do Rei

o próprio Rei!

---

Uma surpresa se revelou frente aos olhos abismados

 

Quando o Conhecimento foi surpreendido,

já sabia ser Um em um, acomodado, assentado

no Mistério revelado.

 

Mas

Infinito não tem bordas.

Então descortinou-se mais uma face:

foi quando o Um se apresentou o Mesmo em dois

mais revelado no Dois que é Um,

o Um mais claro no um quando em dois.

 

Não mais um iluminado

mas universo inteiro iluminado

no precioso transparecer-se em dois

---

Amado

Em cujos braços tudo é entregue,

Em pura confiança tudo é desfeito.

Anjo

Sob sua custódia

O fim pôde chegar.

Pois palavras divinas jorram

Incentivadoras

Certeiras

Desse que se torna,

Ele mesmo

O Silêncio que fala

Quer reconheça, quer não.

---

Coisas passam num giro sem pouso

pássaros multiformes cruzando céus azuis.

 

Os olhos que vêem enxergam

formas escorregadias, mutáveis.

Aparência concreta de objetos-eventos 

na presença de quem vê.

 

Fluxo do tempo, a forma concreta desfaz-se.

A mudança derrete a água cristalizada, 

o pensamento parado, estagnado,

que parece viver quando repete a roda da lembrança.

 

No centro da roda, fora do giro,

o Imutável é.

Continente das mudanças, rege o que surge,

tempera-se como sentimento, pensamento, sensações,

elementos de liga que insistem naquele

que se vê fragmento, separado, chamado "eu",

até que, exaurido ou compreendido, tanto faz,

ilumina o que É.

 

Pássaros multiformes desfazem-se

em céu azul!

---

O Terreno fez-se fértil

e pariu natureza abundante.

Fez céu e terra

cores palpitantes de flor e borboletas,

fez vôo e rastejo

de serpentes e lagartos

largados ao chão.

Fez chão de pedra e musgo

e fez céu de estrelas e lua.

Moveu-os em roda de giro sem-fim.

 

Depois fez gente

onde roda pensamento,

gira emoção e desejo.

 

E fez desejo de centro, 

relembrança de Terreno

onde a roda descansa

e alcança o Início de tudo.

 

Fez assim Coração

sem tamanho de ninguém,

Fez Coração

e revirou em Si.

Reencontrou o lugar

de onde nunca saiu.

Agora eu-Terreno gira por aí

roda no infinito

sem sair do lugar!

---

O Buda

O buda desabrocha onde não há metades

Navegando pelo mar, espelhou no oceano

sua face e o oceano

sua face é o oceano

 

Ah vida 

sem começo sem fim

Ah vida sem face

todas as faces em mim

 

Mistério insondável incomensurável

barco vazio navegando o oceano assim

como um vaso - puro espaço -

dentro/fora não há.

Navegando, o universo inteiro desabrocha.

Sem metades, floresce oceano por todos os lados,

sem lado sem dentro sem fora

vida sem começo sem fim

sua face o oceano

oceano sem fim.

---

Onde colocas valor?

Onde pousas o amor?

 

Olha o Paraíso 

que emerge nesse momento!

Feche os olhos que transitam

no interesse das coisas,

para que outros olhos se abram.

Os olhos que veem com a Luz da Fonte.

Os olhos que têm por trás de si

o misterioso Vazio radiante.

 

Nessa disponibilidade,

único afazer,

pode ser que sejas tomado...

---

Na curva do Tejo

a serra se apoia

o raio de sol penetra o pinheiro

e toca os olhos

No Mont Santo

a vida se deleita

 

Saibamos celebrar a Verdade

que subjaz

abrindo os olhos de dentro

enfim reconhecendo

silenciosa presença

que a tudo testemunha.

---

A indiferença desidentificada

que emerge do profundo Silêncio

e o Amor transbordante que se desnuda

frente à diferente multiplicidade manifesta:

 

dois lados do mesmo abismar-se,

que em sua infinitude

é sempre mais

a descobrir-se!

---

A vida, essa surpresa dança

de formas que se multiplicam,

impossíveis de se manterem!

Cristalizam e, desde então

começam a derreter.

 

No escuro pensei-me

um cristal disforme -

forma de gente

lapidada para sentir.

Pensei-me parte da dança

entre tantas outras.

Desfrutei de parcerias,

sempre incompletude.

 

A roda do tempo gira,

gira...

até que amanhece, clareia o dia

que ilumina a vida

e reconhece a si mesma

com sua verdadeira face:

 

Reconheci-me além da dança!

O espaço onde ela acontece

é o ser, o sou!

No antes-do-pensar

eu sou.

No durante e depois,

- nos intervalos também -

sou.

Nas chuvas das emoções, 

no antes e depois,

sou!

 

Sem forma,

indescritível,

pura água translúcida 

de tempo e mudança, 

a vida, surpresa, dança!

 

Sem identidade,

silente, consciente

gero e admiro o fluxo.

 

Esse é o despertar.

Esse é o despertar.

---

Num ponto de vista,

numa sensação

ou emoção

que aparece ressaltada e destacada,

o Amado esconde-se.

 

Quanta força há neste acontecimento!

 

Como a Presença pode ser revelada aí?

Reconhecendo a Força que é a emoção, o pensamento, 

reconhecendo sua unidade com o que é neste momento,

questionando

"que potência é essa?",

aquiete-se.

 

Sentir toda a força...

Força cuja origem é o próprio Amado!

Este é apenas o velho vício de destacar, separar e assim dar realidade de oceano

ao que é uma onda...

Nova é a posição de paciente e persistente inquirir,

que às vezes se faz na solidão interna daquilo chamado de "pessoal"

e às vezes se apresenta no transboradar de palavras, olhar, presença

daquilo chamado "outro".

Silente e amorosa Presença, gratidão por estar explícita sempre,

gratidão pelos olhos de ver,

gratidão pela crescente compreensão

de que só o Si Mesmo é!

---

Beloved

A simples senciência (aqui usada como a capacidade de se saber que sabe, de perceber que percebe) É/Sou está sempre presente. Este saber não vem de um pensamento nem de uma sensação, ele é óbvio, tão óbvio que normalmente nem se apercebe. Ao dar-se conta desta experiência original, primária, este dar-se conta vira bálsamo e substância que tudo dissolve. 

Quanta simplicidade!

Os olhos que enxergam os fatos tornam-se abençoados e imediatamente sofrem transmutação.

O ver atravessa as formas, as imagens mentais, a emocionalidade cega.

Os olhos tocam o Ser.

Libertam-se.

E, livres, começam a contar a não-história, a vertical Verdade da Presença. 

Namastê

---

O  Mestre em tudo

É tudo:

em sentar-se a seus  próprios pés

no transcorrer dos dias;

em flutações a carrear

pensamentos e emoções -

Enxurradas de medos e desejos

 

Acolhendo a Si Mesmo

por Tudo

e em Tudo

Faz do que surge

Frente ao que É

 

O Seu instrumento

de reconhecimento continuo

da Verdade inevitável

que é a Vida

---

O Amado esconde-se

ao se revelar no fragmento

de um ponto de vista, de uma sensação ou emoção

que aparece ressaltada e destacada.

Quanta força há neste acontecimento!

Força cuja origem é o próprio Amado!

Velho vício de destacar, separar e assim dar realidade de oceano

ao que é uma onda...

Nova é a posição de paciente e persistente inquirir,

que às vezes se faz na solidão interna daquilo chamado de "pessoal"

e às vezes se apresenta no transbordar de palavras, olhar, presença

daquilo chamado "outro".

Silente e amorosa presença, gratidão por estar explícita sempre,

gratidão pelos olhos de ver,

gratidão pela crescente compreensão

de que só o Si Mesmo é.

bottom of page