Trechos do livro
MAYA YOGA de Longchenpa
com comentários de Veetshish Om
Reflexo da Lua na Água
A VISÃO É A PARTE DO ENSINAMENTO QUE APONTA E FAZ RECORDAR A REALIDADE NÃO DUAL DA CLARA LUZ QUE É A NATUREZA DA MENTE
Os budas em sua sabedoria disseram que toda experiência é como o reflexo da lua na água e aqui eu explico para que você possa perceber isso diretamente.
No lago profundo e cristalino da natureza da mente
jazem imagens brilhantes de espontaneidade,
surgidas atemporalmente;
ESSA É A FACE DA MANIFESTAÇÃO
ESPONTÂNEA E NATURAL ALÉM E ANTES DAS DIVISÕES
mas as ondas ásperas e poluentes da percepção dualística turvam a clareza já agitada por uma tempestade de conceitos.
MIRÍADES DE FORMAS DE IDEIAS DE “ISSO E AQUILO” GIRAM E SE REPETEM
E NO GIRAR
APARECEM COMO DEFINIÇÕES CERTEIRAS
QUE VELAM A SIMPLES CLAREZA DO QUE É.
Essa confusão mundana surge da crença em um ego, um eu
e a consciência primordial
agora opaca, monótona e emocional,
afunda no samsara sem começo e sem fim.
Assim como o reflexo das estrelas em uma poça de água cristalina brilha continuamente,
ausente mas aparente,
imagens ilusórias aparecem no espelho imóvel da mente, e essas imagens evanescentes nos preocupam.
ENVOLTOS POR APARÊNCIAS
APARECÊNCIAS DOMINAM E ILUDEM.
Nada sólido, nada para agarrar, nenhuma marca específica, nada para identificar,
nem existente nem inexistente,
além do real e do irreal - é isso que os budas professam como "reflexo".
Cor e forma, toda percepção sensorial, portanto, são como o reflexo da lua na água:
porque há aparência sem existência, porque nada de permanente pode ser encontrado,
porque seus traços, que não congelam, não cristalizam,
ESCORREM INCESSANTEMENTE
E nem são compostos, POIS SÓ SE ENCONTRA APARÊNCIAS
ASSIM permanecem apenas um filme de forma
FEITO de luz,
as construções do olho , a faculdade visual e a cognição, impregnadas pelo vazio, são apenas ficções ocas,
reflexos da lua na água.
A mente, não circunscrita,
SEM LIMITES,
não contaminada, não controlada como o reflexo da lua na água,
simples,
forma de luz vazia, não estruturada,
agora conhecemos como consciência primordial profundamente pacífica,
livre de pensamentos, totalmente inexprimível, imóvel como espaço de sua própria clareza .
Na medida em que a lua que aparece na água não é a lua,
a multiplicidade que ocorre não pode ser comprovada;
livre de divisões de tempo,
DIVISÕES IMPOSTAS conceitualmente,
além de qualquer elaboração conceitual,
deixe estar, apenas deixe estar.
Visto que a mente pura não tem nenhum propósito,
nós a imaginamos fora ou dentro, além do pensamento;
uma vez que a realidade supera todas as distinções parciais e invejosas,
COMPARATIVAS E JULGADORAS,
AGORA desistimos da luta por GANHO espiritual e status.
Impensado, sempre uma multiplicidade, como espaço primordial, tudo o que aparece, como quer que apareça, todas as coisas são como o reflexo da lua na água;
não verdadeiro, não falso,
samsara e nirvana iguais,
deixe a mente relaxar no espaço da realidade exatamente como ela é.
O mundo aparente e todas as nossas vidas, samsara e nirvana, são nossas formas imaginadas de vacuidade, como a lua na água;
nada na origem, nada no seu advento, nada no momento,
enganosamente atribuído pelo intelecto como verdadeiro ou falso, real ou irreal,
por que deveríamos nos apegar a opiniões e preferências?
Enquanto o intelecto assumir compulsivamente um ego, ou Self, não há possibilidade de libertação do samsara;
porém, além das crenças, naturalmente estabelecida em genuína calma, transparente, transcendente, a mente sem ego, é livre em si mesma e totalmente aberta,
por que tentar mudar alguma coisa?
Quando toda situação é desprovida de ego e substância como o reflexo da lua na água,
e o intelecto é livre de atividade compulsiva e livre das suposiçõesção habituais sobre a realidade, já que na não dualidade perceptiva a mente e seu objeto são um,
este é o espaço do Dzogchen involuntário, sem mediações.
Com uma receptividade que considera cada ocorrência como amigável, conhecendo a espontaneidade do frescor da alegria, não discriminadora,
bem-aventurança, agora ficamos sem nenhum lugar para ir e permanecemos nesta mente pura no solo primordial.
Com tal compreensão, permanecendo em tal espaço, infalivelmente, nos familiarizamos com todas as experiências como o reflexo da lua na água.
A pessoa afortunada deve reconhecer fielmente que tudo o que ocorre é uma realidade mítica flutuante e resplandescente.
A meditação
Como antes, na preparação, aspire a ver cada momento como offkl reflexo da lua na água.
A práxis principal é se estabelecer na cognição do mesmo, permitindo que a mente perceba o que surge como o reflexo da lua na água.
À noite, faça como antes, mas concentre-se na experiência mística da realidade como o reflexo da lua na água; permanecendo no espaço unitário sem qualquer apego, assumimos a cidadela da natureza soberana da mente.
Agora, olhando para o que quer que apareça, livre de apego, surge um brilho radiante, a luz clara, que é como o reflexo da lua na água.
Que os extremamente afortunados se familiarizem com isso!
Não deixaremos de explorar
E o fim de todas as nossas explorações
Será chegar onde começamos
E conhecer o lugar pela primeira vez.
TSEliot, Little G
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